quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Observações Sobre o Amor Transferencial - 1

Logo percebemos que a transferência é, ela própria, apenas um fragmento
da repetição e que a repetição é uma transferência do passado esquecido,
não apenas para a figura do médico, mas também para todos os outros
aspectos da situação atual. (Freud, 1912)

Ana é uma mulher bonita, elegante, sexy e jovial; não aparenta - como está se tornando comum - ter a idade que tem (48 anos). Ana mora na companhia de dois filhos ainda solteiros, é separada a mais de dez anos, e sempre tem algum pretendente "na fila" que pode mais tarde se converter em namorado. Está em análise a cerca de dois anos, seus sintomas de ansiedade generalizada desapareceram, e, em seu lugar surgiu outro: seu sentimento por mim. Ela relata que deixou de me ver apenas como seu psicanalista, que tem fantasias, que se preocupa com minha saúde e bem-estar e outras coisas que diz não ter coragem de expressar e afirma com a voz trêmula: "Eu achei que não ia mais sentir isso... sofri muito com homem... mas com o Sr. é diferente, sei lá, é bom sentir isso, me sinto viva... Eu sei que o Sr. não vai mais querer me atender depois disso tudo, não o culpo, eu é que confundi as coisas, mas sou uma mulher madura e entendo, então não precisa nem dizer que não quer que eu seja mais sua paciente, é minha última sessão". Enganou-se Ana, vou querer atendê-la ainda, e, essa não é sua última sessão, mas, a primeira de uma série, o fio de Ariadne pra conduzí-la sã e salva para fora do labirinto dos desencontros amorosos e quem sabe a partir daí, ter encontros menos desencontrados...

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