sábado, 16 de janeiro de 2016

O Mecânico e sua Esposa Piriguete - Marquês de Caralhau

Nunca houve na terra casal que brigasse mais que esses dois: Ivan, um mecânico alcoólatra de meia idade e sua esposa Marina, piriguete na faixa dos trinta anos. Por qualquer motivo eles discutiam mais acaloradamente, e, vez em quando saíam na tapa mesmo.
Eles residiam num pequeno cômodo localizado no primeiro andar do mesmo prédio em que ficava sua oficina mecânica de automóveis. Sempre que podia, e isso ocorria com frequência, a gostosa descia para olhar o movimento da oficina e se exibir um pouco, afinal de contas, como boa piriguete ela se alimentava dos olhares de desejo masculino que colhia naquele ambiente de cheiro forte de gasolina e óleo e graxa. Esse era um dos motivos para as constantes brigas.
Ela se vestia de maneira provocante: as saias e shorts sempre estavam muito acima da linha do Equador, e as camisas e blusas sempre bem decotadas, deixando boa parte dos enormes peitos à mostra. Os clientes mais atrevidos não perdiam a oportunidade de "cantar" a sedutora Marina nos descuidos do marido, ou quando ele desaparecia embaixo de algum carro. E ela dava esperanças a todos mas ainda não havia se envolvido com nenhum deles, tivera, é verdade, um ou dois casos sem importância, mas nunca com clientes da oficina.
No final do dia Ivan ia beber com os colegas numa birosca que ficava quase em frente da oficina e ao chegar a casa a briga era certa. Marina o acusava de falta de atenção e ameaçava por um par de chifres nele, como se já não tivesse feito isso, gritava para todo mundo ouvir: "Não me quer? Pois saiba que tem quem me queira viu... Você ainda vai me pagar seu cachaceiro de merda". Estava armada a confusão.
Quando viu o Vieira (cliente contumaz) e seu velho fusca na oficina, ela resolveu cumprir o prometido nas ameaças feitas a Ivan; insinuou-se da forma mais explícita possível aproveitando uma saída do marido e o Vieira não teve como resistir àqueles apelos de luxúria e depravação carnal, tanto que no dia seguinte estavam se comendo num motel barato de um bairro distante. Já no primeiro encontro ela fez de tudo: oral, anal e vaginal. O objetivo estava claro, causar uma boa impressão e se fazer mais e mais desejada pelo atordoado Vieira.
Eles saíram muitas vezes ainda antes do fim; os ciumes e o desejo de Marina de largar o marido e passar a morar com Vieira precipitaram o rompimento. Por mais gostosa e boa de cama que fosse, ele era crente na teoria do "se ela fez com ele vai fazer comigo". Ele deixou claro que não queria compromisso e ela fez um escândalo no motel, disse que iria se matar (a passionalidade é muito comum nesse tipo de mulher) e ele seria o culpado pela sua morte. Essa foi a última vez que se viram, e Vieira, que agora levava seu velho fusca para ser afinado em outro lugar, veio a saber que a tentativa de suicídio de Marina não passara de dois arranhões  nos pulsos provocados por uma faca cega, providencialmente procurada para esse fim.
Marina continuou casada e continuou a brigar com Ivan quase que diariamente, que a cada vez que bebia a chamava de puta e a mandava fugir com seu amante; e ela aguardava ansiosa a chegada desse dia, que seu príncipe encantado surgisse com um carro quebrado e a levasse dali para bem longe.