quinta-feira, 21 de março de 2013

Bruna Lombardi

Das mulheres que posaram para as revistas masculinas nos anos 1970 e 1980, Bruna Lombardi foi certamente a mais linda e mais desejada.
Sua beleza não se resume apenas à perfeição de sua forma física. Foi uma atriz fantástica, e, mostrou-se também como poeta e escritora de qualidade.
Entretanto, impossível negar a beleza; que emanava de seu olhar, de seu rosto e corpo e voz, "objeto a" na forma de gente.
Não era aquilo que chamamos de mulherão. Era e é mignon, mas de uma força de sedução que deixaria qualquer das musas do presente século com inveja.
Linda! Somente linda...
Corpo, alma, voz, sorriso, olhar...
E como Diadorin(a), nem Rosa imaginaria melhor.
E, parodiando o poeta: Quem te ver, e não te quer...
É louco.
Medida de minha normalidade.

quinta-feira, 14 de março de 2013

O novo Papa e a velha Ditadura Militar Argentina

Uma das coisas boas da rede mundial de computadores é a rapidez com que nos chegam as informações, antes mesmo de serem filtradas ou maquiadas pelos representantes do "status quo". E assim se deu com a eleição do padre jesuíta e cardeal Jorge Mario Bergoglio para o papado. Nem bem assumiu seu lugar, com o nome de Francisco I, apareceu na rede a poesia de uma ex-presa política e desaparecida em 1977 nos porões da ditadura militar argentina, a Profa. María Cristina Saborido, em que acusa o então padre Bergoglio - e por extensão a Igreja Católica da Argentina - de conivência com o regime ditatorial daquele país. O pecado da Igreja Católica na Argentina não foi apenas de omissão e silêncio face as atrocidades do regime militar, mas, de franca cumplicidade, chegando mesmo a delação de jovens comunistas ou socialistas que hoje se contam entre os mais de 50 mil desaparecidos.
Abaixo a poesia de Mária Cristina, e na sequência uma tradução livre de minha autoria.

Yo te contesto, Bergoglio!

Talvez porque después de tanto tiempo puedo tomar distancia.

Tal vez porque después de tanto tiempo ya no siento que se subleva mi corazón y se enloquece la vena de mi garganta ante tanta desfachatez de parte tuya y de los curas que te acompañan...

Tal vez porque los años pasaron para vos y para mí y al pasar me dejaron esa desolada sensación que es extrañar.

Yo te contesto.

Y le contesto a ese solapado intento de trazar los caminos que al parecer debemos caminar para salvar el alma y vivir en un País en el que reine la concordia a partir de perdonarnos o tal vez reconciliarnos.
Despojado de la humildad que debieras mostrar por tener el culo sucio de reconciliación has hablado.
Y te planteo ¿Reconciliarnos? ¿ con quién o con quiénes? ¿Con los que comulgaban de día y asesinaban de noche? ¿Con los que nos pasaban sus sucias manos por los pechos y pezones mientras con sus lenguas nos baboseaban estando atadas y sin poder defendernos? ¿Con los que se robaban los hijos de las que parían para entregarlos a familias de milicos? ¿Con los que se burlaban de nuestras madres y las llamaban locas? ¿Con los que nos estrellaban las cabezas contra las rejas de las celdas para gozar sádicamente con los lamentos y los gritos de dolor que el hierro rompiéndonos la carne producía en nuestros cuerpos?

Te has atrevido a sermonear teniendo el alma negra y el culo sucio. Y al hacerlo lo has hecho desde la impudicia de la inmoralidad que debiera hacerte guardar un silencio recoleto.

Porque debieras responder con el silencio al silencio que producen en mi alma la muerte de tantos compañeros que no aparecen.

30.000 compañeros no volvieron, 30.000 silencios en el silencio de ese horror que fue que la Iglesia delatara y entregara a los corderos a la muerte.

¿Por qué hablas ahora y no lo hiciste entonces? Pudiste hacerlo... otros lo hicieron. Vestían la sotana y andaban por las villas, fueron mis compañeros. No regresaron..... 

Desde este extrañar que se hizo costumbre en cada día de mis días. Desde este llorar por las noches a escondidas. Desde este sentir que algún día volveré a abrazarme en un abrazo con tantos compañeros que se fueron. Desde esta convicción de saber que la Iglesia fue una mierda delatora que entregaba y señalaba. Desde este sentimiento de resistir a tanto inmoral vestido con sotana que cree que el discurso y las palabras han de acallar los gritos que duermen en mi alma.

YO TE CONTESTO BERGOGLIO. 

Y lo hago convencida que hay otros como yo que sienten lo que siento. 

Teniendo el culo sucio, teniendo el alma negra y habiendo pactado con el diablo no podés venir a hablar cuando callaste.

Silencio recoleto, mea culpa y muchas oraciones que tal vez perdonen tus pecados.
Porque yo que soy sobreviviente, no te perdono. 

Tampoco olvido.
Y menos aún me reconcilio. 

Tradução:  

Eu respondo, Bergoglio!

Talvez porque depois de tanto tempo eu possa me distanciar.

Talvez porque depois de todo esse tempo eu não sinta mais revolta em meu coração e nem fúria nas veias  de minha garganta com o seu descaramento e dos sacerdotes que o acompanham ...

Talvez porque o passar dos anos para você e para mim, tenha me deixado esse sentimento desolado, que é surpreendente.

Eu respondo.

E eu respondo a essa tentativa maliciosa de querer traçar os caminhos que aparentemente eu deva andar para salvar minha alma e viver em um país onde reina a harmonia, a partir do perdão ou da reconciliação, talvez.
Despojado da humildade que você deve mostrar, tendo o rabo sujo da reconciliação.
E eu pergunto: Reconciliar-me com quem? Com os que comungavam de dia e matavam de noite? Com aqueles que passavam as suas mãos sujas em nossos seios e mamilos e com a língua nos babavam, enquanto estávamos amarradas e incapazes de nos defender? Com os que roubaram os filhos daquelas que pariam na cadeia e entregaram a famílias de homens do exército? Com aqueles que zombavam de nossas mães chamando-as de loucas? Com aqueles que batiam a nossa cabeça contra as grades de suas celas para gozar sadicamente com os gemidos e gritos de dor que o ferro, ao rasgar a carne,  produzia em nossos corpos?

Você se atreve a fazer um sermão tendo a alma negra e o rabo sujo. E fazendo o que você fez, a partir do descaramento, da imoralidade, deveria pelo menos ficar calado.

Por que você deveria responder com o silêncio, ao silêncio que fez em minha alma a morte de tantos colegas que desapareceram.

30.000 companheiros não voltaram, 30.000 silêncios no silêncio do horror que se deu quando a Igreja  entregou os cordeiros para morte.

Por que você está falando agora e na época não fez nada? Você poderia ter feito algo ... outros o fizeram. Eles também usavam batina e andavam pelas aldeias, foram meus companheiros. Não voltaram.....

A partir deste estranhamento que se tornou habitual em todos os dias da minha vida. A partir deste choro  escondido todas as noites. A partir deste sentimento de que algum dia voltarei a abraçar em um terno abraço tantos companheiros que se foram. A partir desta convicção de saber que a Igreja era uma informante de merda a apontar os inimigos do regime. A partir deste sentimento de resistir a tantos imorais vestidos de batina que acreditam que o discurso e as palavras têm de silenciar os gritos que dormem na minha alma.

Eu respondo Bergoglio.

E o faço convencida de que há outros como eu, que se sentem como eu me sinto.

Tendo o traseiro sujo, tendo a alma negra e tendo feito pacto com o diabo, você não pode vir agora e falar quando você permaneceu em silêncio.

Silêncio contrito, mea culpa e muita oração talvez perdoem seus pecados.
Porque eu, que sou uma sobrevivente não perdôo.

Nem esqueço.
E nem penso em reconciliar-me.