segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Inconsistências Bíblicas no Antigo Testamento - 1

Penn e Teller, os famosos mágicos e apresentadores do programa "Bullshitt", comentaram em um dos programas dedicados ao exame da Bíblia, que o caminho mais eficiente para se tornar ateu era a leitura cuidadosa da Bíblia. Para a dupla de céticos, de Gênesis ao Apocalipse as sagradas escrituras mostram sua fragilidade, ou mesmo debilidade para ter sido escrita - ou inspirada como dizem os crentes - pelo próprio Deus.
Histórias inverossímeis, mescla de narrativas sobre um mesmo tema, fábulas e uma grande quantidade de mitos oriundos de culturas de povos vizinhos fazem da Bíblia uma coletânea de livros que dificilmente poder-se-ia afirmar como sendo inspirados por Deus.
Um simples exercício de lógica é suficiente para demonstrar:
1. Adão e Eva: duas narrativas (criados juntos/barro e costela) e a tresloucada história da serpente falante. Ademais, convenhamos, só mesmo um deus muito maluco para colocar uma árvore no meio do jardim e proibir que os sujeitos comam dela; ainda mais quando se sabe que esse mesmo deus é onisciente. Ora, se já sabia o que ia acontecer porque cargas d'água deixou a árvore lá? Para se divertir expulsando o casal do jardim?  
2. Abraão e Isaque: Porque um deus que tudo sabe e tudo vê, que está além do tempo e do espaço, precisa fazer com que um velho senhor leve seu filho para ser sacrificado como forma de provar sua fé? Das duas uma: ou ele não é onisciente ou é sádico.
3. A arca de Noé: já escrevi sobre isso (leia abaixo); pois, além de ser uma história babilônica adaptada, ela não se sustenta, a fé tem que ser completamente cega para crer nesse mito.
4. José governador do Egito: É surpreendente que não haja uma linha sequer sobre um governante hebreu que salvou da morte os povos do oriente com sua política de armazenar alimentos para os tempos de seca. Tudo bem, você vai dizer que um egípcio não iria dar essa honra para um estrangeiro... Então porque não narrou o fato dizendo que a ideia fora do próprio faraó?
5. Moisés: O livro de Êxodo é pródigo em inconsistências. Desde a criação de Moisés como filho da princesa, seu encontro com Deus no Sinai, a travessia do Mar Vermelho e a chegada à terra prometida, que diga-se de passagem, já era habitada pelo povo hebreu desde a época de Abraão. Tem uma passagem em que deus parece estar louco, quando diz que vai endurecer o coração do faraó para não deixar o povo partir!? Ora, se o objetivo é o povo partir qual o sentido de dificultar as coisas quando foi Ele mesmo que enviou Moisés para libertar esse povo?  

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Sem prazer não dá!

Um dia após um jogo de futebol entre times de escolas percebi que meu filho, com nove anos na época, ficava sempre muito ansioso antes dos jogos, e depois, caso seu time perdesse, ficava irado, zangado ao extremo e às vezes até chorava.
Chamei-o para uma reflexão e lhe perguntei: "Meu filho, eu sei que você ama jogar futebol, mas será que vale à pena todo esse sofrimento antes e depois do jogo?". Jogar tem que ser divertido, tem que dar prazer, alegria - mesmo nas derrotas - senão não vale à pena.
O jogo de futebol infantil vai se tornando cada vez mais uma atividade competitiva, inflamada pelo torcida claramente doentia de muitos pais que esperam que seus filhos sejam novos "Messis" ou no mínimo um Neymar, e que ganhem milhões, de "euros".  Já vi caso de pais que partiram para a agressão física contra os árbitros, e também briga de torcida, pais contra pais, que belo exemplo de autocontrole para seus filhos.
Então fica valendo a velha máxima: "Sem prazer não dá". Não dá pra jogar sem ter prazer, sem se divertir, sem que isso lhe faça bem. Vira um falso prazer, algo que lhe consome as energias para umas poucas migalhas de sensações prazerosas. Isso vale para tudo: para o trabalho, que sem prazer vira automação e geração de mal estar que futuramente se transformará em doenças psicossomáticas; para o relacionamento com os outros, amigos e/ou amores, que sem prazer servem apenas para alimentar um masoquismo inconsciente ou não, mas não nos faz crescer como seres humanos.
Isso não significa ser um hedonista desvairado, não se trata disso. Engolimos alguns sapos desprazerosos em nossa caminhada pela vida, eles fazem parte da história, entretanto, para todas aquelas coisas que dependam de minhas escolhas, eu escolho sempre que possível as que me darão prazer, sem que isso implique alguma forma de desrespeito a liberdade de meu semelhante.
Ontem assisti a um espetáculo hediondo na TV justamente em uma partida de futebol, torcedores em pé de guerra, espancamento e morte numa linda tarde de domingo. O prazer de torcer pelo seu clube perdeu-se no prazer sádico de agredir seu inimigo (não é adversário momentâneo). Cenas como essa vão retirando o prazer que sentimos em assistir a uma boa partida de futebol. Portanto, sejamos nós jogadores, torcedores, trabalhadores, amigos, amantes, sem prazer é melhor mudar de ramo ou buscar algo que lhe faça se sentir bem e cada vez melhor.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Pedofilia na Igreja Católica - Omerta!

Negar, minimizar e culpar, eis a política da igreja católica em relação aos escândalos centenários de pedofilia, abuso, exploração sexual, homossexualidade e inúmeras outras perversões sexuais. O primeiro passo é negar a existência dos fatos, silenciar as vítimas e transferir o criminoso de paróquia. Se isso falhar, vem os panos quentes, começa aquela história de que todos somos pecadores, que padres também erram, que devemos fazer como Jesus e perdoar os pecadores etc. E, quando mesmo assim o escândalo vem à tona, resta a esse covil criminoso católico responsabilizar as vítimas pelo crime, afirmar que as crianças é que seduziam os padres, ou então que elas gostavam do que estava ocorrendo.

O caso Murphy e o caso Maciel são emblemáticos nesse sentido, não apenas por seguir a regra da “omerta”, mas sobretudo, por mostrar que os casos eram conhecidos por toda hierarquia do catolicismo, do padre criminoso até o papa e mais ainda por envolver diretamente dois papas: João Paulo II, amigo de Maciel e Bento XVI, que sabia de tudo e sobre tudo — pois era o chefe da famigerada congregação para a doutrina da fé — e nada fez senão proteger sua instituição pervertida e doentia.

Lawrence Murphy, padre estadunidense, pedófilo e torturador (física e psicologicamente) que confessou ter abusado sexualmente de aproximadamente 200 crianças de uma renomada escola de surdos entre 1950 e 1974 no estado de Wisconsin. Durante sua confissão ele não se disse arrependido, até porque o caso só veio ao conhecimento público em 1993, quando o arcebispo de Milwaukee se pronunciou sobre as denúncias apesar de todo trabalho do Vaticano em mantê-las nas sombras, e, mais uma vez o criminoso não é punido. O padre maníaco morreu em 1998, “na dignidade de seu sacerdócio” como cita na carta em que pede proteção ao cardeal Ratzinger, mas o barulho provocado por suas vítimas repercute até agora, pois desmascarou o corporativismo da igreja católica e a conivência criminosa de cardeais e papas.

Marcial Maciel (1920-2008), padre mexicano, pedófilo, bissexual e dependente químico, foi o criador da ordem dos Legionários de Cristo e do movimento Regnum Christ. Amigo pessoal de João Paulo II na época das denúncias de seus crimes, foi apontado como vítima de calúnia, e as verdadeiras vítimas, seus então acusadores, foram ridicularizados e caíram no ostracismo até que todas as acusações fossem provadas— abusos sexuais com os noviços da ordem, plágio nas obras que “escreveu”, uso de drogas e ser pai de no mínimo cinco filhos que também sofreram abusos sexuais do padre criminoso. Como “castigo”, foi condenado a uma vida de penitência, oração e renúncia a todo ministério público. Ao se afastar da direção da ordem, nomeou como sucessor seu antigo amante Álvaro Corcuera, e desde então passou a levar uma vida de reclusão até sua morte em 2008 ao lado da mulher e da filha, tendo recusado a penitência e os sacramentos católicos.

O julgamento de Miwaukee foi um símbolo da luta contra os crimes e abusos perpetrados pela ICAR, cuja política sempre foi deixar debaixo do tapete toda sujeira, bem aos moldes do código de silêncio mafioso — omerta.