sexta-feira, 28 de abril de 2017

UMA FARSA CHAMADA "GREVE GERAL"

Quando Freud definiu as bases da Psicanálise (uma "Psicologia Profunda" que destacava o papel de forças inconscientes em ação no psiquismo) ele usou como exemplo de organização dessas forças o mecanismo psíquico dos sonhos. Dizia ele que os sonhos possuem um sentido que para ser descoberto bastaria encontrar o "conteúdo latente" que estava encoberto pelo "conteúdo manifesto" (o sonho em si lembrado pelo sonhador), pois, os mecanismos de condensação e deslocamento faziam com que o real sentido do sonho ficasse embaralhado, como um rebus, nas imagens do conteúdo manifesto.
Essa "greve geral", entre aspas mesmo, já que não é greve e nem é geral pode ser melhor compreendida a partir de suas semelhanças com a interpretação dos sonhos tal qual ensinava o mestre vienense. Há um conteúdo manifesto: a luta pelo direito dos trabalhadores, contra a reforma trabalhista e contra a reforma da previdência; e um conteúdo latente que foi se revelando a cada passo da organização desse movimento, que como sabemos, foi organizado por sindicatos aliados ao PT e a outros partidos de esquerda, que como num sonho (ou pesadelo) ao ser interpretado revelou seu real sentido, que seria em última instância defender direitos trabalhistas num clima democrático e coerente.

Pode existir greve forçada? Explico: rodoviários de São Paulo contam que foram ameaçados por homens armados nas garagens e terminais rodoviários para não saírem sob pena de levar bala. Mais: barricadas com pneus em chamas foram colocadas em locais estratégicos para evitar que os trabalhadores que não usam o transporte público chegassem ao seu local de trabalho; ônibus obstruindo vias e pontes com o mesmo objetivo; intimidação àqueles que queriam trabalhar nos aeroportos, nos trens e metrôs; e, o vandalismo (ônibus e telefones públicos incendiados e a dilapidação de patrimônio público e privado), a agressão e o desrespeito a liberdade daqueles que não comungam com a crença dos donos da verdade, a esquerda caviar (segundo Constantino) dos socialistas "nutella"(segundo Pondé).
O conteúdo latente foi ficando mais explícito quando vimos os cartazes e palavras de ordem (com erros de português) dos manifestantes: "Fora Temer", "Abaixo o Golpe", "Não à prisão de Lula", "Vamos parar o Brasil", "Reforma Não, Revolução", "Diretas Já" (também achei estranho). E fica ainda mais claro quando lemos os textos postados nas redes sociais pelos defensores do movimento, entre eles encontram-se juízes, professores, sindicalistas, estudantes, artistas e outros profissionais liberais de nossa elite mimada, mas faltou a fala do operário, da comerciária, dos pequenos empreendedores, enfim, do grosso da população brasileira que mostrou que se não foi trabalhar hoje foi porque não conseguiu chegar ao local de trabalho, impedido por aqueles que querem mesmo parar o Brasil.
O "sonho" da greve geral vai tomando um sentido diferente de seu conteúdo manifesto e desmascarando o real objetivo do grupo: defender seus próprios interesses, principalmente o medo de perder a boquinha financeira da "contribuição sindical" e se vingar do impedimento sofrido pela desastrada presidente Dilma Rousseff. Isso fica mais visível quando sabemos que os sindicatos permaneceram quietos durante os governos do PT diante dos roubos e escândalos bilionários que levaram o país a essa situação atual.
Acredito que o sonho, com ares de pesadelo, tenha sido interpretado e que você leitor o tenha compreendido. Infelizmente, os verdadeiros movimentos democráticos, conservadores ou liberais não possuem ainda uma organização para fazer frente a essa insanidade de viés "religioso" (crença sem questionamento) promovida por pessoas que pouco usam sua capacidade de raciocinar e são tomadas por um furor emocional e oportunista, e que pensam que baderna, roubo, agressão e confusão são as verdadeiras marcas dos movimentos sociais revolucionários - eu sou tentado a acreditar que são isso mesmo. Fico a imaginar se eles teriam coragem de fazer isso durante a ditadura militar brasileira ou uma ditadura socialista como a cubana. Claro que não, só o fazem porque vivemos num Estado de Direito, situação essa que a maioria deles abomina. Freud estava certo: o sonho é a realização de um desejo e o desejo desse pessoal é mesmo parar o Brasil. Não vão conseguir, hoje eles literalmente deram um tiro no pé, pois, o Brasil não parou, o povo não aderiu à greve, e o máximo que conseguiram foi criar um longo feriado.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

O desafio da Baleia Azul

O "jogo" suicida da baleia azul vem ocupando nas últimas semanas lugar privilegiado na mídia graças ao crescente número de jovens (adolescentes principalmente) que tem aderido ao mesmo, e em alguns casos, com final desastroso. Mas, o que é isso? Porque jovens se submetem a um jogo marcado pelo sofrimento, dor e morte? O que os leva a participar dessa idiotice sadomasoquista?
Os psicólogos sabem desde muito tempo que o período da adolescência é marcado normalmente por uma vivência patológica e muitas vezes psicopática decorrente dos lutos vividos nesse período (luto pelo corpo perdido, pelos pais da infância perdidos, pelas certezas perdidas, pela incerteza e crise de identidade, entre outros); ou seja, muitas perdas para dar conta, o que pode gerar ou agravar comportamentos que chamamos hoje de "depressivos". Para lidar com esses lutos o jovem recorre a algumas estratégias como forma de defesa, e a ligação aos grupos de pares é uma delas; pertencer a um grupo e ser aceito por ele é uma forma de se sentir menos deslocado num mundo de adultos que geralmente não compreendem o que está acontecendo realmente dentro de suas cabeças, e muitas vezes o grupo em que se é aceito tem características nitidamente destrutivas.
Quem não já viu os grupos de "patricinhas e mauricinhos de shopping", skatistas, rockeiros, regueiros, nerds, grupos de igrejas, games maníacos, funkeiros e esportistas? Grupos pacíficos que conferem identidades pelo menos momentânea. E também vale lembrar grupos não pacíficos, agressivos mesmos (sádicos) como os "carecas do ABC", hollingans, skin heads e radicais islâmicos. Pois bem, estamos diante do mesmo fenômeno, com a diferença de que esse grupo "desafio da baleia azul" é suicida e por isso mesmo encontra acolhida na mente dos jovens melancólicos que veem nele aquilo que faltava para criar coragem de tirar a própria vida, porque agora o suicídio é grupal - os membros do grupo trocam informações sobre seu processo das 50 tarefas.
Esse é o real perigo de tal grupo, pois, suicídio entre jovens sempre existiu e o Brasil ocupa a oitava posição no ranking de suicídios entre os países sem precisar da "baleia azul". Mas será que dá para evitar que seu filho seja fisgado por esse grupo? A resposta é sim, pois, até o jovem chegar a cometer o suicídio ele deve cumprir 50 etapas ou tarefas, e eu não quero afirmar, mas vou, que a família dos jovens que chegaram a quinquagésima etapa foram no mínimo negligentes. O jogo não é nada sutil, cada tarefa envolve mutilação ou comportamento estranho, e como a família não percebeu isso? Por isso afirmo sem sombra de dúvida que um jovem que consegue manter um diálogo aberto com sua família (seja só a mãe ou só o pai, uma avó ou tia, ou uma prima, cunhada) não chegará nem a terceira tarefa.

Vejamos as tais tarefas, fiz um "pacote" para não ter que transcrever as cinquenta, mas vocês podem conseguir o conteúdo na internet:
1. Assistir filmes de terror só na madrugada. Será que não dá pra saber se os filhos estão dormindo bem ou não sem ir ao quarto deles na madrugada? No dia seguinte estarão sonolentos com toda certeza. Vocês tem conversado sobre horários?
2. Fazer cortes no braço. Depois desenhar a baleia. Fazer furos nas mãos, o máximo que conseguir. Faça-se sofrer, fique doente, se machuque é a ordem dada. E aí famílias, vocês estão mesmo vendo esse jovem, conversando com eles? Creio que não.
3. Ouvir determinadas músicas escolhidas pelo tutor chamado de "curador" (significativo não?). É significativo um sujeito se intitular curador (o que cuida dos interesses da pessoa no sentido jurídico; e aquele que cura no jargão popular) quando seu objetivo é levar o outro à morte, como se esse fosse seu real desejo, pois a Psicologia nos ensina que o suicida não quer morrer, QUER ACABAR COM O SOFRIMENTO DESSA COISA SEM NOME. O curador nem representa o sujeito e nem cura.
4. Subir em telhados, antenas, qualquer coisa alta e perigosa, se pendurar e mandar fotos para o curador. Será que ninguém vê isso?
5. Procurar outra baleia. Isso já caracteriza um grupo organizado, com espiões, mensagens secretas, encontros secretos com outros membros que compartilham fotos pelas redes sociais; tudo que acontece num grupo em termos de interação.
6. Todos os dias o jovem deve acordar as 4:20h e fazer um corte no corpo e ficar um dia inteiro sem falar com ninguém. Se o pai ou mãe ou cuidador não vê esse comportamento, e se vê não acha estranho, então não sei o que vocês estão fazendo. Como você fica um dia inteiro sem falar com alguém que mora com você na mesma casa?
7. O curador vai avisar o dia de sua morte.
Pelo que foi exposto dá pra evitar que nossos jovens embarquem nessa barca furada, basta que tenhamos real interesse em seu bem estar, e nem precisa estar colado nele o dia todo e todo dia, basta haver interesse, amor se preferirem, e certamente a baleia azul continuará a ser apenas o maior mamífero da terra.