quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Maceió...

Maceió, terra dos 3 D: deslumbramento, decepção e desespero. Foi isso que ouvi de alguns ex-turistas que resolveram se mudar pra Maceió.
Moro aqui a mais de 30 anos, e como cheguei aqui adolescente não passei pelos 3 dês, vivi cada um deles separadamente e com um tempo bem maior que os turistas desavisados.
Quando adolescente nada me importava, nem o fato de a programação da TV daqui ser 3 dias atrasadas em relação a transmissão nacional, e aqui só tinha a rede globo (dos Collor de Mello) na minha época (1976). Nessa época brincava com os amigos, dizendo que em Caruaru nós tínhamos 3 canais de TV e a programação era mais adiantada.
Mas, tinha o mar. A Jatiúca, o Rainha do Mar, o puteiro e a praia em frente, com suas ondas quase perfeitas para o surf; coisas que minha cidade natal não chegava nem perto.
Tinha naquela época um movimento tímido de modernidade, coisa da pequena burguesia que podia ter acesso a coisas que iam além dos canais de TV. Skates e pranchas de surf.
E, claro, como sempre houve, belas mulheres. Elas me fizeram amar esse lugar.
As paisagens deslumbrantes, perdiam para as mulheres deslumbrantes.
E mesmo diante das guerras de famílias, tiroteios no meio da rua, polícia e políticos corruptos, Maceió ainda parecia bonita.
Aí virei adulto. A cidade sorriso mostrou sua cara de província que cresce e enlouquece, mas não deixa de ser província, atrasada, dependente e irremediavelmente triste.
Vida cultural dependente de verdadeiros heróis da insistência. Clubes em que todos se conhecem, e isso numa cidade de quase um milhão de habitantes.
Triste cidade, de políticos oriundos de uma burguesia nojenta ou de um populismo espúrio, analfabetos de opção ou origem, ou tudo isso junto.
Cidade de merda, de um povo sujo, a mais suja e violenta do Brasil, mas, com o litoral mais lindo do mundo, porém, impróprio para banho.