terça-feira, 16 de dezembro de 2014

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Coisas de Crente - Parte 3

Essa foi uma pregação ouvida pelo rádio. Programa da Igreja Paz e Vida na rádio "Feliz FM" e o pregador era o líder do grupo, o  pastor Juanribe Pagliarin. Ele usou como ilustração a manjada lenda sobre a criação da "Última Ceia" (Il Cenacolo) de Leonardo da Vinci, em que se diz que Leonardo escolheu como modelo para a criação do quadro pessoas reais para fazer os rostos de Jesus e de Judas, e que, pasmem, a mesma pessoa teria posado para os dois personagens.
Na lenda original Leonardo chama um jovem corista puro e feliz para fazer o rosto de Jesus, e, três anos depois, ao fazer o rosto de Judas, procura uma face que expresse a maldade, o vício e a degradação humana, e chama um bêbado e devasso contumaz frequentador de uma taberna popular. A surpresa é que o bêbado é o jovem corista que ao abandonar a igreja, cai nos vícios e na criminalidade.
Juanribe muda a estória, e coloca a pintura do rosto de Judas em primeiro plano,e aquele homem devasso e do mal, que depois de ser retratado como Judas procura ler os evangelhos e se converte, e, anos depois quando Leonardo procura alguém para fazer o rosto de Cristo, é justamente esse mesmo homem que reaparece, transformado pelo poder do evangelho expressando a face de Jesus.
O problema é que o pregador não avisa aos fiéis que se trata de uma lenda medieval, narra a estória como um fato, e o pior, sem avisar também que invertera a lenda original. Mas tem mais, ele toma a obra de Da Vinci como sendo um quadro, quando na verdade trata-se de um afresco feito no refeitório das freiras de Santa Maria delle Grazie, em Milão.
Logo, dá pra ver que a falta de informação é perniciosa, e o pastor tenta trazer membros para sua igreja usando a mentira - que para eles é a arma de satanás. Dá pra entender? Se o pastor sabia da lenda como lenda usou de má fé (ou boa?) e se não sabia prova que é só mais um burro a pastorear outros.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A Literatura de Luto!

Mais que prazer

Rubem Alves
Era prazer? Era. Mas era mais que prazer. 
Era alegria. A diferença? 
O prazer só existe no momento. 
A alegria é aquilo que existe só pela lembrança. 
O prazer é único, não se repete. 
Aquele que foi, já foi. 
Outro será outro. 
Mas a alegria se repete sempre. 
Basta lembrar.



SOBRE A ARTE
Ariano Suassuna

A massificação procura baixar a qualidade artística para a altura do gosto médio. Em arte, o gosto médio é mais prejudicial do que o mau gosto... Nunca vi um gênio com gosto médio.




                                                          SOBRE A PAIXÃO
                                                         João Ubaldo Ribeiro
Em tese, somos capazes de nos apaixonar por tantas pessoas quantas sejamos capazes de lembrar, o limite é este, não um ou dois, ou três, ou quatro, ou cinco, ou dezessete, todos esses números são arbitrários, tirânicos e opressores.  

MINHA PEQUENA HOMENAGEM AOS TRÊS GRANDES ESCRITORES BRASILEIROS QUE MORRERAM EM JULHO PASSADO!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Justiça divina?

Imagine a cena: Deus manda chamar um de seus mensageiros, no caso um anjo, e pede-lhe que escreva um texto sobre a vida de uma certa mulher, que chamaremos de Ruth. Deus põe a mão no ombro do anjo e diz apontando para a terra: "Tá vendo aquela mulher, de cabelos compridos, pois sim, sempre foi uma sofredora. Cresceu sem ter o amor de sua mãe, alcoólatra e devassa e seu pai nem chegou a conhecer; mas, desde muito nova se converteu ao nosso evangelho e sempre cuidou de fazer tudo certinho. Nunca fumou, nunca bebeu bebida alcoólica - apesar da mãe - e nunca fez sexo até a idade de 43 anos. Manteve-se virgem e casta até encontrar seu atual marido e mesmo casada só veio a perder a virgindade três meses depois da cerimonia do casamento. Uma verdadeira mulher de Deus, minha claro, dedicada a meu serviço na terra, mulher de oração, dedicada aos cultos, dizimista fiel, um verdadeiro exemplo de crente. Eis que agora ela quer engravidar, aos 44 anos e vem me pedindo isso; e, como para mim nada é impossível vou lhe conceder esse desejo de ser mãe". O anjo exclama maravilhado: "Oh! Senhor como és misericordioso e justo ao atender o pedido dessa fiel mulher, que devo fazer?".
Anote aí disse Deus: "Essa criança nascerá com síndrome de Down, e com todas as complicações decorrentes dessa síndrome, com cardiopatia, problemas pulmonares e um refluxo quase mortal, além disso também terá hipotonia total, não se alimentará pela boca, respirará com a ajuda de aparelhos  e viverá mais tempo na UTI do que em casa em seus primeiros quatro meses. Sua mãe sofrerá muito ao ver a filha passar por tantos procedimentos cirúrgicos e hospitalares, chegará a desejar a morte, sua e da filha, e chegará ao cúmulo de questionar meu poder e autoridade... Espere aí, aonde é que você está indo anjo?". "Estou descendo para terra Senhor, vou me juntar a Lúcifer, ele pelo menos trata bem melhor seus seguidores, e tem um senso de justiça mais acurado que o seu".
Essa história foi relatada por Ruth, mãe de Raquel que tem síndrome de Down e desde que nasceu vive em uma UTI pediátrica depois de ter feito uma cirurgia cardíaca e ser contaminada por duas fortes bactérias no hospital. Ela sempre foi religiosa, e sempre acreditou que Deus pune o mau e recompensa o bom como ensina a Bíblia, e vive a se questionar por qual pecado estará sendo punida, e mais, qual o pecado da pequena Raquel que desde que nasceu só experimentou o sofrimento? Ela me diz que suas crenças religiosas estão desmoronando, e vem percebendo que suas orações não tem o poder que imaginara um dia possuir, nem a de ninguém.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

INTOUCHABLES OU INTOCÁVEIS: Um filme de amor.

Estamos acostumados a filmes de amor romântico, amor parental, desamores de toda ordem e por aí vai. Mas, o surpreendente e delicioso filme francês, baseado no livro autobiográfico de Phillippe Pozzo (Le second souffle) aborda justamente o amor que nasce de uma amizade improvável (em Portugal o título foi traduzido assim) entre um milionário tetraplégico e seu amalucado auxiliar de enfermagem.
O ex-presidiário Driss, senegalês desempregado acaba meio que por acaso sendo contratado para cuidar de Phillippe em tempo integral. Seduzido pelo luxo da mansão, por ter finalmente um lugar para dormir ele aceita a missão e subverte a ordem clássica, enfadonha e quase obsessivo-compulsiva do lugar. O auxiliar de enfermagem fuma (cigarros e maconha) e leva junto na viagem seu patrão, saem com prostitutas e dirigem em alta velocidade.
A vontade de viver retorna àquela casa, Phillippe resolve voltar à vida graças a seu novo amigo, que também, aprende valores que já havia perdido a muito tempo. Nessa comédia todos acabamos por aprender alguma coisa, principalmente o fato de não se levar a sério demais as vicissitudes da vida.
Quando questionado por seus familiares sobre o porquê de ter contratado Driss para a função de cuidador, quando este não tinha nem prática e nem referência, o milionário responde: "por que ele não tem piedade de mim".
Numa cena tocante, os dois discutem sobre sexo; Phillippe, só funciona do pescoço para cima, todo o resto de seu corpo é insensível, mas ao ser questionado por Driss responde que o corpo arruma outras zonas erógenas e que no seu caso eram as orelhas. Riem. E rimos nós também. Por pior que pareça a situação, nem tudo está perdido. Um excelente filme.


terça-feira, 15 de julho de 2014

Os Homens são de Marte... E é pra lá que eu vou!

Adaptação da peça teatral homônima, o filme é uma visão bem humorada das relações amorosas de uma mulher, que ás vésperas de completar 40 anos, ainda solteira, busca uma relação estável. A ironia está presente no tipo de trabalho da protagonista Fernanda (Mônica Martelli), que organiza cerimônias de casamento, mas seus relacionamentos não decolam. Nunca havia casado, mas mentia se dizendo divorciada.
Nos vários envolvimentos emocionais que Fernanda tem ao longo da trama, vemos seu esforço adaptativo, sempre procurando se adequar à vida de seu "futuro amor" de ocasião. Ela dançou conforme a música do político playboy, do milionário sensualista e de um natureba radical. O político nem ligou para marcar um segundo encontro; o milionário chegou a namorá-la até o dia em que propõe um menáge-a-trois com uma prostituta; e com o natureba não deu, aquele estilo de vida não era o seu como logo viria a descobrir.
O final é um tanto moralista, e passa por questões delicadas do desejo feminino em conformidade com os padrões repressivos da cultura. O homem com quem ela se casa, não é por acaso, o único com quem ela não vai pra cama no primeiro encontro. Mas, é um bom filme, boa comédia, atuações maravilhosas e hilárias de Daniele Valente, Paulo Gustavo e Mônica Martelli, e eu recomendo.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Lições da Copa no Brasil!

A justiça foi feita nessa copa do mundo, venceu o melhor time. A Alemanha deu uma aula de futebol e de civilidade durante o mundial; cativou a população de Cabrália na Bahia, jogou com eficiência e alegria e derrubou mitos, tais como o Brasil ser o país do futebol e o que jogar bonito tem a ver com o talento e malemolência dos brasileiros.
A melhor coisa que a equipe alemã fez foi eliminar a seleção brasileira, que já vinha pedindo isso desde o jogo contra o Chile. A segunda melhor foi derrotar a força bruta e a arrogância dos argentinos, que invadiram o país como animais, empesteando os lugares por anda passavam com sua imundície, seu ódio ao povo brasileiro e a arrogância desafiante fruto da inveja, estampada em suas musiquinhas de profundo mau gosto. Aos maloqueiros argentinos só restaram as lágrimas, e seu ódio ao Brasil claro, que continua, apesar de tudo sendo melhor que eles em vários quesitos.
Outra coisa boa foi ver a renovação do futebol, o show de seleções tidas como menores que derrubaram os tradicionais favoritos e mostraram um jogo vibrante... Parabéns Chile, Colômbia e Costa Rica.
Essa foi a copa do descontrole emocional brasileiro. Motivo de chacota pelo mundo afora, o chororó dos jogadores no final do jogo contra os chilenos foi no mínimo ridículo, e prova do completo despreparo emocional. Um capitão de seleção pedindo chorando para não bater o pênalti, nunca se viu. E o resto parecia um bando de meninos da pré-escola chorando, antevendo a desclassificação, sofrendo antecipadamente, e medo, muito medo.
Entretanto, o mais marcante de tudo, em termos de descontrole emocional, foi a goleada histórica e merecida  por 7 a 1 contra a Alemanha. Aquele era o verdadeiro espírito da seleção brasileira: perdidos e sem comando, sem liderança e sem o jogador que era a referência, deu pane. O técnico apostando no talento individual, em vez de arrumar o time ainda no primeiro tempo, preferiu resmungar como sempre e nada fez.
Uma injustiça foi feita ao se escolher Messi como o melhor jogador do torneio. Não foi o melhor da copa e nem da partida final, aliás, Messi virou argentino de vez, perdeu a elegância, a esportividade e a criatividade que esbanjava no Barcelona. De longe o grande nome dessa copa foi o holandês Robben, que aos 31 anos de idade deixava qualquer garoto vendo a poeira de suas chuteiras, foi o craque do torneio, e perto dele Messi foi apenas um jogador medíocre.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Histórias de Crente - Parte 2

Essa também veio de uma pregação do Reverendo João Luiz, pastor e vereador em Maceió, da Igreja do Evangelho Quadrangular. Ele contou a história de uma mãe que deixou seu filho comer doces que são distribuídos por grupos espíritas (nessa categoria incluo todos os que acreditam na influência de espíritos de mortos, ou não, na vida dos seres humanos) no dia de Cosme e Damião, santos da Igreja Católica que foram sincretizados pelas religiões espíritas de inspiração afro-indígena.
Para o pastor, os santos católicos são "exus mirins", entidades maléficas, um equivalente ou representante do diabo. E o que será que aconteceu ao menino que comeu os doces? Ora, foi amaldiçoado por isso e começou a definhar a olhos vistos. Foi secando, secando até morrer num estado terrível de inanição. E ele recomenda: "irmãos, não brinquem com isso... o mal existe e só espera uma brecha pra destruir sua vida".
Quanta besteira, se o pastor quisesse colocar a prova sua tese, bastaria seguir a vida de algumas pessoas que comeram os doces de Cosme e Damião e ver quantas secaram até morrer. Mas, claro que ele não fará isso, a necessidade de acreditar é mais forte que o desejo de conhecer a verdade... Esse é o verdadeiro substrato da religião.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Histórias de crente - 1

Hoje ouvi no rádio uma história, no mínimo escabrosa, contada pelo Pastor João Luiz (da igreja do evangelho quadrangular) e resolvi iniciar aqui no blog uma série para narrar alguns exemplos absurdos de interpretação bíblica - ou de aplicação prática dela mesma - que me deixam chocado e às vezes sem entender como as pessoas podem engolir tais histórias sem sequer questioná-las.
Vamos lá. O pastor nos conta a história de sua tia que engravidou sem ter se casado e de como sua avó reagiu. Ao saber da gravidez, a mãe prendeu a filha dentro de casa obrigando-a a lavar "roupa de ganho" durante os 9 meses de gestação. No dia em que a jovem deu à luz, sua mãe fez suas malas e a expulsou de casa (ainda sangrando [sic].), e, sem ter onde morar, ela se refugiou no necrotério da cidade até ser convidada a ir morar e trabalhar num cabaré da cidade. Durante muitos anos ela viveu na prostituição, e de quebra, virou macumbeira, porque na cabecinha oca desse pastor, tudo isso aconteceu devido a existência de um "espírito", da bruxaria e da feitiçaria.
Em nenhum momento foi questionado pelo reverendo João Luiz a atitude anticristã de sua avó ao expulsar sua filha de casa, ao tratá-la como uma pessoa sem valor por ter sucumbido ao seu desejo sexual aflorante. Não. A culpa foi do mundo espiritual que invadiu a vida da jovem levando-a a pecar. E a prova é que sua tia foi parar na prostituição e depois na macumba... Ligou os pontos? Claro que não. Não há o que ligar, essas coisas não tem relação. Ir para o baixo meretrício era uma forma de ter um lar, casa e comida, ser acolhida, ter pelo menos uma identidade naqueles tempos tão preconceituosos. E ter entrado nessa religião (ele não deixa claro se era candomblé ou umbanda) talvez tenha sido pelo fato de que nela, ela não era a vil pecadora que seus conterrâneos cristãos viam, mas uma pessoa, que acerta e erra, que tem impulsos, quer seja guiado por sua entidades mágicas ou não.

sábado, 14 de junho de 2014

51 anos...mais uma surpresa!

Ontem foi meu aniversário de 51 anos, e lembrava-me do que tinha escrito aqui no ano passado, quando minha namorada fez uma festa surpresa - só pra nós dois - que me tirou literalmente do ar, foi emocionante, sensual e tudo de bom. Então pensei eu: acho que ela não consegue mais me surpreender, não tem como fazer outra festinha surpresa como aquela, não tem como superar a de meus 50 anos.
Enganei-me completamente. Ao chegar no nosso lugar na hora combinada eis que me deparo com uma decoração super criativa, cheia de corações e balões vermelhos, um bolo com velinha eletrônica e o som de "parabéns" no notebook.
E o mais bonito de tudo: ela, embrulhada para presente, linda demais, com um conjunto erótico vermelho, rindo e chorando (acho que ela se emocionou quando viu minha cara de surpreso e maravilhado), sentada na cama que estava coberta de pétalas de rosa, ao lado de duas taças e um baldinho vermelho,,,
Comemos, bebemos e nos amamos muito até a tarde,,, E eu aprendi mais uma coisa: nunca duvide da criatividade de uma mulher, ela conseguiu.... Obrigado minha linda!

terça-feira, 15 de abril de 2014

O Amor segundo Clarice Lispector.



Rifa

Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões. Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado, coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu... "não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...". Um idealista... Um verdadeiro sonhador... Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos. Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo. Rifa-se este desequilibrado emocional que, abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente e, contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: " O Senhor poder conferir", eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. “Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer". Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconseqüente. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que, ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo. Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e, a ter a petulância de se aventurar como poeta.
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“Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer”.

“Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida”.
 


quarta-feira, 9 de abril de 2014

A garota da sala de bate-papo: um caso clínico.

Vou continuar com uma série a muito tempo abandonada, ou seja, meus relatos de casos clínicos. Bem, essa história tem coisas muito interessantes e que vão parecer ao leitor absurdas também. Pelo título já supomos que nossa protagonista é uma aficionada de primeira linha da internet. Varar a madrugada em salas de bate-papo, facebook, redes de encontros amorosos, no skipe ou mesmo no whatsapp eram seus passatempos favoritos; durante o dia também acessava se sobrasse tempo entre os estudos e as obrigações de casa. Tudo muito "normal" para uma jovem solteira de 24 anos em busca de alguém. Mas, o problema (não para ela em princípio) era que ela já tinha alguém, mas denegou essa relação para si mesma.
 Vejam a loucura: um dia ele escreveu para o site "Sabedoria de Bruxa" (como se isso fosse possível de existir, bruxas, e na pior das hipóteses bruxas com sabedoria), dizendo que gostara muito das "simpatias para afastar as energias negativas" e queria uma receita especial, pois, acreditava que sua vizinha tinha lhe lançado uma espécie de maldição por não ter aceitado namorar com o filho dela, e desde então, "Nunca mais consegui arranjar nenhum namorado"( sic). "Eles veem aqui em casa e logo depois somem"(sic).
Perceberam o absurdo? Ela estava namorando a dois anos e meio com um sujeito bem apessoado, com certa estabilidade financeira e sucesso pessoal e profissional, mas, era como se ele não existisse. Ela simplesmente deletou o seu namorado, a quem dizia amar, para se engajar - sem que ele soubesse é claro - numa busca desenfreada por homens na internet. Esse namorado era mantido no mais completo sigilo, ninguém de seu círculo de relações sabia da existência dele, talvez ela sentisse vergonha devido à diferença de idade entre eles, mas, aos 50 anos ele não faria vergonha a mulher nenhuma, pois, além da boa aparência era também bastante jovial. A dificuldade em assumir a relação era dela, e, ao que parece, ela mesma não o considerava como namorado, apesar de jurar-lhe amor em longas e apaixonadas cartas via email.
Em sua busca por paqueras e casos amorosos ela cometia imprudências que nem criança comete na internet. Ao primeiro sinal de interesse ela saía dos chats e ia direto paro o email trocar fotos com desconhecidos e marcar encontros. E não se contentava só com um admirador, queria muitos, tantos quanto pudesse manter em sua rede de carência afetiva misturada com teatralidade histérica (meio personagem de Nelson Rodrigues), mas, depois vinha a decepção, que a fez recorrer à bruxaria, as soluções mágicas, como se só uma mágica pudesse lhe tirar desse buraco da falta de amor próprio.
No senso comum diriam que se tratava mesmo de safadeza, no mínimo leviandade e no máximo falta de caráter, seria vista como toda mulher oferecida é vista, como uma vagabunda qualquer com furor uterino. Talvez até tenha algo dessa natureza em sua conduta, mas não é o essencial, pois, é justamente isso que chamamos de caráter histérico, o que não justifica seu comportamento, e nem achamos ele evoluído moralmente, mas, nós psicanalistas não fazemos juízos de valor (pelo menos tentamos) e a Psicanálise é estritamente amoral. Deixemos o julgamento para o namorado traído quando descobrir a verdade, e ele vai descobrir, a histérica sempre deixa rastros.
Era uma jovem universitária, 24 anos, bonita, mas vazia, que em vez de se aconselhar na superstição da bruxaria e acreditar nessa besteirada de maldição, inveja, olho gordo ou mau olhado (o que não é nada inteligente), poderia buscar na análise um caminho para poder suportar essa dor da castração, da qual ninguém escapa em vão. A maldição foi lançada por ela mesma quando "escolheu" não ser a Mulher da sala de aula, da sala de estar, da sala da vida, enfim, ser a Mulher (inexistente no dizer de Lacan) e preferiu brincar de ser a garota da sala de bate-papo. Histórias assim não tem final feliz.

domingo, 23 de março de 2014

Silêncio na Casa de Deus (Mea Maxima Culpa) - Parte 1-6 (LEGENDADO)





Essa é uma série de vídeos sobre a pedofilia na igreja católica em que o depoimento de ex-alunos mostraram ao mundo o absurdo da exploração sexual de crianças surdas pelos padres contando com o apoio do Vaticano e de um papa que está em vias de ser canonizado, João Paulo II, que durante seu pontificado protegeu (impedindo que fossem julgados e que seus crimes fossem divulgados) alguns de seus amigos pedófilos, como o padre Marcial que pode ser visto na foto abaixo ao lado de seu melhor amigo.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Estreia na Folha de São Paulo: Psicóloga Direta de João Pavan

'Se Manca', de 21 de fevereiro de 2014Mais um cartunista que depois de fazer sucesso nas redes sociais chega as folhas dos jornais impressos. Trata-se do cearense João Pavan, que com sua psicóloga politicamente incorreta, de respostas certeiras e sem embromação, ganhou a atenção dos frequentadores do facebook. Um bom exemplo da acidez de psicóloga pode ser visto em tiradas como esta ao lado:
"Meu amor não me valoriza, não me da atenção e vive ocupado quando eu ligo, o que ele tem?". "Outra" diz a psicóloga; e "Muito obrigada, até a próxima sessão".

sábado, 4 de janeiro de 2014

A Verdade sobre Madre Teresa de Calcutá



Achei esse vídeo no youtube, que assim como alguns outros procura desmistificar o "espírito humanitário" da madre Teresa de Calcutá. Pelo testemunho das pessoas que trabalharam com ela podemos descrevê-la como uma verdadeira necrófila, cujo prazer com a morte e com o sofrimento humano lembram aquela personagem do conto "A causa secreta" de Machado de Assis. Dos bilhões arrecadados com as doações de milionários nada foi revertido para ajudar os pobres e moribundos de suas "casas da morte", antes, todo dinheiro foi e continua sendo empregado na construção de conventos, ou seja, no sustento de lésbicas e desajustadas que serão espalhadas pelos quatro cantos do mundo.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Porque não devo acreditar em Astrologia ?



No vídeo acima, intitulado "Astrologia é uma farsa", o astrônomo Carl Sagan nos esclarece acerca dessa prática supersticiosa que já esteve ao lado da ciência da Astronomia, até a separação dos campos proposta por Johannes Kepler no século XV.
Acreditar em astrologia é crer que a posição dos astros no céu no momento de seu nascimento irá influenciar na sua personalidade e marcar seu destino. É preciso ser muito ignorante, ou tolo para acreditar que essa invenção babilônica de quase cinco mil anos (quando não se conheciam nem metade dos corpos celestes que hoje existem) possa ser capaz de predizer alguma coisa.
Felizmente, muitos estudiosos resolveram testar cientificamente a validade da astrologia, e todos eles chegaram às mesmas conclusões: a astrologia e seus horóscopos possuem um índice de acertos idênticos aos que seriam conseguidos com quaisquer palpites aleatórios ou "chutes" como dizemos. Deixo abaixo os estudos mais significativos nessa área, dois feitos psicólogos e dois por astrônomos:
1. Bertram Forer (The fallacy of personal validation: a classroom demonstration of guillibility; 1949).
2. Bernard Silverman (Studies of Astrology, in: The Journal of Psychology, 1971).
3. S. Carlson (A double blind test of astrology. in: Nature, vol. 318, p.419. 1985)
4. R. Culver e P. Ianna (Astrology: true or false. 1985)