segunda-feira, 16 de junho de 2014

Histórias de crente - 1

Hoje ouvi no rádio uma história, no mínimo escabrosa, contada pelo Pastor João Luiz (da igreja do evangelho quadrangular) e resolvi iniciar aqui no blog uma série para narrar alguns exemplos absurdos de interpretação bíblica - ou de aplicação prática dela mesma - que me deixam chocado e às vezes sem entender como as pessoas podem engolir tais histórias sem sequer questioná-las.
Vamos lá. O pastor nos conta a história de sua tia que engravidou sem ter se casado e de como sua avó reagiu. Ao saber da gravidez, a mãe prendeu a filha dentro de casa obrigando-a a lavar "roupa de ganho" durante os 9 meses de gestação. No dia em que a jovem deu à luz, sua mãe fez suas malas e a expulsou de casa (ainda sangrando [sic].), e, sem ter onde morar, ela se refugiou no necrotério da cidade até ser convidada a ir morar e trabalhar num cabaré da cidade. Durante muitos anos ela viveu na prostituição, e de quebra, virou macumbeira, porque na cabecinha oca desse pastor, tudo isso aconteceu devido a existência de um "espírito", da bruxaria e da feitiçaria.
Em nenhum momento foi questionado pelo reverendo João Luiz a atitude anticristã de sua avó ao expulsar sua filha de casa, ao tratá-la como uma pessoa sem valor por ter sucumbido ao seu desejo sexual aflorante. Não. A culpa foi do mundo espiritual que invadiu a vida da jovem levando-a a pecar. E a prova é que sua tia foi parar na prostituição e depois na macumba... Ligou os pontos? Claro que não. Não há o que ligar, essas coisas não tem relação. Ir para o baixo meretrício era uma forma de ter um lar, casa e comida, ser acolhida, ter pelo menos uma identidade naqueles tempos tão preconceituosos. E ter entrado nessa religião (ele não deixa claro se era candomblé ou umbanda) talvez tenha sido pelo fato de que nela, ela não era a vil pecadora que seus conterrâneos cristãos viam, mas uma pessoa, que acerta e erra, que tem impulsos, quer seja guiado por sua entidades mágicas ou não.

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