terça-feira, 1 de novembro de 2016

Deus e as eleições.

Domingo dia 30 de outubro, segundo turno das eleições para prefeitos em quase todo canto, e logo cedo sou surpreendido por uma "pérola" de uma colega em um grupo do whatsapp: "Gente, no debate de ontem na TV o candidato Cícero agradeceu a deus ao encerrar a campanha, e o candidato Rui só agradeceu aos colaboradores, se esquecendo de deus, logo não devemos votar nesse homem que não coloca deus em primeiro lugar na sua vida". Pronto, eis a imbecilidade em seu grau mais elevado.
A fanática religiosa que escreveu isso se esqueceu de algumas coisas bem patentes para quem vive em Maceió - como ela - e conhece a trajetória dos dois candidatos, ambos ex-prefeitos.
O candidato que agradece a deus, Cícero Almeida, é o único a estar envolvido em dois escândalos de corrupção (Máfia do Lixo e Operação Taturana) e enriquecimento ilícito, é famoso por defender a tortura e extermínio de bandidos "pé de chinelo" como clamava em seus tempos de repórter policial e aliado à tudo que não presta na política alagoana. Como prefeito em seu primeiro mandato realizou boas e necessárias obras na cidade, o que lhe levou à reeleição para um segundo mandato sem grandes realizações e marcado pelas maracutaias de sempre.
O outro candidato, Rui Palmeira, que não agradeceu aos deuses, apesar de ter uma leva de aliados corruptos na coalizão, ele próprio nunca esteve envolvido em qualquer tipo de ilicitude na vida pública; foi um bom administrador, fez grandes obras de infraestrutura e deixou a cidade mais bonita para realizar melhor sua vocação turística.
Mas, para as mentes irracionais dos religiosos fanáticos, nada disso é válido sem uma pitada de pieguismo santarrão, você só precisa falar de deus e pronto, você é o melhor, pode roubar, enganar, matar, estuprar, fazer caixa dois, ter contas nos paraísos fiscais, trepar com quantas e quantos quiser e ainda assim é um "Homem" ou "Mulher" de Deus, um "ungido" como os reis fodidos da antiga Israel.
Para o apóstolo Paulo (veja a carta aos Romanos, capítulo 13 do novo testamento de sua Bíblia), toda a autoridade na terra é constituída por deus, e logo conta com seu apoio, e qualquer oposição à ela é franca oposição a deus. Daí deduzimos que esse deus jamais poderia ser onipresente e menos ainda onisciente, basta ver as criaturas que governaram grandes reinos e nações e suas belas ações: desde Xerxes passando por Kublai Khan, Hitler e Stalin, e omitindo outros milhares de nomes, podemos concluir que esse deus não é lá muito confiável em termos de escolhas políticas, mas as antas de nada sabem, e nem querem saber.

Nenhum comentário: