terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Sem prazer não dá!

Um dia após um jogo de futebol entre times de escolas percebi que meu filho, com nove anos na época, ficava sempre muito ansioso antes dos jogos, e depois, caso seu time perdesse, ficava irado, zangado ao extremo e às vezes até chorava.
Chamei-o para uma reflexão e lhe perguntei: "Meu filho, eu sei que você ama jogar futebol, mas será que vale à pena todo esse sofrimento antes e depois do jogo?". Jogar tem que ser divertido, tem que dar prazer, alegria - mesmo nas derrotas - senão não vale à pena.
O jogo de futebol infantil vai se tornando cada vez mais uma atividade competitiva, inflamada pelo torcida claramente doentia de muitos pais que esperam que seus filhos sejam novos "Messis" ou no mínimo um Neymar, e que ganhem milhões, de "euros".  Já vi caso de pais que partiram para a agressão física contra os árbitros, e também briga de torcida, pais contra pais, que belo exemplo de autocontrole para seus filhos.
Então fica valendo a velha máxima: "Sem prazer não dá". Não dá pra jogar sem ter prazer, sem se divertir, sem que isso lhe faça bem. Vira um falso prazer, algo que lhe consome as energias para umas poucas migalhas de sensações prazerosas. Isso vale para tudo: para o trabalho, que sem prazer vira automação e geração de mal estar que futuramente se transformará em doenças psicossomáticas; para o relacionamento com os outros, amigos e/ou amores, que sem prazer servem apenas para alimentar um masoquismo inconsciente ou não, mas não nos faz crescer como seres humanos.
Isso não significa ser um hedonista desvairado, não se trata disso. Engolimos alguns sapos desprazerosos em nossa caminhada pela vida, eles fazem parte da história, entretanto, para todas aquelas coisas que dependam de minhas escolhas, eu escolho sempre que possível as que me darão prazer, sem que isso implique alguma forma de desrespeito a liberdade de meu semelhante.
Ontem assisti a um espetáculo hediondo na TV justamente em uma partida de futebol, torcedores em pé de guerra, espancamento e morte numa linda tarde de domingo. O prazer de torcer pelo seu clube perdeu-se no prazer sádico de agredir seu inimigo (não é adversário momentâneo). Cenas como essa vão retirando o prazer que sentimos em assistir a uma boa partida de futebol. Portanto, sejamos nós jogadores, torcedores, trabalhadores, amigos, amantes, sem prazer é melhor mudar de ramo ou buscar algo que lhe faça se sentir bem e cada vez melhor.

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