Eu sou de um tempo em que os eletrodomésticos possuíam pernas:
televisores possuíam pernas, aparelhos de som também possuíam suas quatro
perninhas ou pernões. Eu até acho que eles eram mais bonitos que os atuais.
Suas pernas lhe conferiam certa imponência, certa relação com o espaço, mais
invasiva e ao mesmo tempo mais criativa; uma poética própria em que cada objeto
ocupava seu próprio lugar no espaço. Aliás,
por mais saudosista que eu possa parecer, a questão espacial se
impõe: tudo parecia ter um lugar próprio, ou um próprio lugar comum, mas se
encaixavam numa ordem, em uns topos qualquer, seja gente, seja bicho, seja
objeto, tudo ocupava seu espaço; as coisas não necessitavam de compactação, de
sobreposição, de amontoamentos desnecessários: móveis e imóveis, objetos de
multiuso etc.
Transpondo para o campo do humano, seria mais ou menos como a letra do cantor-humorista cearense Falcão: "homem é homem, menino é menino, macaco é macaco e viado é viado".
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