
Ela se vestia de maneira provocante: as saias e shorts sempre estavam muito acima da linha do Equador, e as camisas e blusas sempre bem decotadas, deixando boa parte dos enormes peitos à mostra. Os clientes mais atrevidos não perdiam a oportunidade de "cantar" a sedutora Marina nos descuidos do marido, ou quando ele desaparecia embaixo de algum carro. E ela dava esperanças a todos mas ainda não havia se envolvido com nenhum deles, tivera, é verdade, um ou dois casos sem importância, mas nunca com clientes da oficina.
No final do dia Ivan ia beber com os colegas numa birosca que ficava quase em frente da oficina e ao chegar a casa a briga era certa. Marina o acusava de falta de atenção e ameaçava por um par de chifres nele, como se já não tivesse feito isso, gritava para todo mundo ouvir: "Não me quer? Pois saiba que tem quem me queira viu... Você ainda vai me pagar seu cachaceiro de merda". Estava armada a confusão.
Quando viu o Vieira (cliente contumaz) e seu velho fusca na oficina, ela resolveu cumprir o prometido nas ameaças feitas a Ivan; insinuou-se da forma mais explícita possível aproveitando uma saída do marido e o Vieira não teve como resistir àqueles apelos de luxúria e depravação carnal, tanto que no dia seguinte estavam se comendo num motel barato de um bairro distante. Já no primeiro encontro ela fez de tudo: oral, anal e vaginal. O objetivo estava claro, causar uma boa impressão e se fazer mais e mais desejada pelo atordoado Vieira.
Eles saíram muitas vezes ainda antes do fim; os ciumes e o desejo de Marina de largar o marido e passar a morar com Vieira precipitaram o rompimento. Por mais gostosa e boa de cama que fosse, ele era crente na teoria do "se ela fez com ele vai fazer comigo". Ele deixou claro que não queria compromisso e ela fez um escândalo no motel, disse que iria se matar (a passionalidade é muito comum nesse tipo de mulher) e ele seria o culpado pela sua morte. Essa foi a última vez que se viram, e Vieira, que agora levava seu velho fusca para ser afinado em outro lugar, veio a saber que a tentativa de suicídio de Marina não passara de dois arranhões nos pulsos provocados por uma faca cega, providencialmente procurada para esse fim.
Marina continuou casada e continuou a brigar com Ivan quase que diariamente, que a cada vez que bebia a chamava de puta e a mandava fugir com seu amante; e ela aguardava ansiosa a chegada desse dia, que seu príncipe encantado surgisse com um carro quebrado e a levasse dali para bem longe.
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