terça-feira, 18 de maio de 2010

Curiosidade mórbida

Atendi recentemente uma paciente, que após uma violenta briga familiar, tentou suicídio ingerindo uma pequena quantidade de um famoso raticida.
Após uma semana de internamento no Hospital Geral do Estado, ela recebe alta médica e retorna ao convívio da família, dos amigos e vizinhos. Foi aí que seus problemas aumentaram.
O assédio dos vizinhos curiosos e as reprimendas de parentes que não cansavam de lhe lembrar que "a vida é boa", que "Deus abomina os suicidas", que seu ato foi indício de fraqueza, loucura e tantas coisas mais, estavam lhe causando um mal-estar tremendo, e fazendo com que ela permanecesse cada vez mais reclusa dentro de casa.
O cúmulo aconteceu quando algumas vizinhas lhe perguntaram pelo gosto do veneno: "O mulher, diz aí vai, que gosto tem veneno de rato?". Nessa hora sua vontade - me conta sorrindo - é dizer pra cada uma delas: "porque que vocês não provam um pouquinho?". Sem querer, minha jovem paciente descobriu o remédio ideal para por um fim na curiosidade mórbida.

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